COMO COMBATER A PERDA MUSCULAR NA TERCEIRA IDADE?
A sarcopenia em idosos é uma condição caracterizada pela perda progressiva de massa muscular esquelética e força, associada ao envelhecimento. Esse processo natural se intensifica a partir dos 60 anos e representa uma das principais causas de incapacidade funcional, quedas e perda de independência entre os idosos (Silva et al., 2023).
O QUE É SARCOPENIA?
O termo “sarcopenia” vem do grego sarx (carne) e penia (perda). Foi cunhado para descrever a perda muscular relacionada à idade, mas hoje é considerado um distúrbio muscular progressivo e generalizado, reconhecido inclusive como doença pela CID-10 (código M62.84). A sarcopenia envolve não apenas a redução da quantidade de massa magra, mas também da qualidade muscular, ou seja, a capacidade funcional do músculo (Cruz-Jentoft et al., 2019).
FATORES DE RISCO
Entre os principais fatores de risco para sarcopenia estão:
- Envelhecimento natural
- Sedentarismo
- Ingestão inadequada de proteínas
- Doenças crônicas como diabetes, câncer e insuficiência cardíaca
- Deficiências hormonais (testosterona, GH, IGF-1)
- Inflamação crônica
- Uso prolongado de medicamentos como corticoides
Além disso, a obesidade sarcopênica (quando há acúmulo de gordura e perda de massa muscular simultaneamente) aumenta ainda mais o risco de complicações metabólicas e cardiovasculares.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da sarcopenia exige a avaliação de três componentes:- Força muscular
- Massa muscular
- Desempenho físico
A European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP2) propôs que a baixa força muscular seja o principal critério inicial, e, se houver confirmação de baixa massa e desempenho físico comprometido, o diagnóstico é considerado definitivo (Cruz-Jentoft et al., 2019).
CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS
A sarcopenia em idosos está associada a diversas consequências sérias para a saúde do idoso:
- Aumento do risco de quedas e fraturas
- Perda de mobilidade e independência
- Maior risco de hospitalizações prolongadas (Sousa et al., 2016)
- Redução da qualidade de vida
- Maior mortalidade
Além disso, ela impacta economicamente o sistema de saúde, devido ao aumento de internações e necessidade de cuidados de longa duração.
O QUE FAZER?
- Treinamento de força
A principal intervenção para prevenir e tratar a sarcopenia em idosos é o exercício resistido (musculação). Estudos mostram que o treinamento de força melhora significativamente a massa muscular, força e funcionalidade em idosos, mesmo em idades avançadas (Fragala et al., 2015).O ideal é que o programa seja supervisionado por um profissional de educação física ou fisioterapeuta e adaptado às condições clínicas do idoso.
Segundo Silva et al. (2023), o treinamento resistido isolado é eficaz, mas quando combinado com uma nutrição adequada, os ganhos de força são potencializados. Além disso, a associação do treinamento resistido com nutrição, exercícios aeróbios e treino de equilíbrio mostra ser a estratégia mais eficaz no combate à sarcopenia (Silva et al., 2023).
- Alimentação rica em proteínas
A ingestão adequada de proteínas é essencial para estimular a síntese proteica muscular. A recomendação para idosos varia de 1,0 a 1,2 g de proteína por kg de peso corporal por dia. Em casos de sarcopenia instalada, esse valor pode subir para até 1,5 g/kg/dia (Liao et al., 2017).Alimentos como ovos, carnes magras, laticínios, peixes e leguminosas devem estar presentes nas refeições. A suplementação com whey protein pode ser indicada quando a ingestão via alimentação não é suficiente.
- Vitamina D e outros nutrientes
A deficiência de vitamina D é comum em idosos e está associada à piora da função muscular. A reposição pode ser necessária, desde que feita com acompanhamento médico. Outros nutrientes importantes incluem ômega-3, creatina e antioxidantes.- Controle de doenças crônicas
O manejo adequado de doenças como diabetes, obesidade, insuficiência renal e doenças cardiovasculares é fundamental para retardar a perda muscular. A inflamação crônica dessas doenças acelera a degradação muscular (Saedi et al., 2021).- Monitoramento contínuo
Idosos devem realizar avaliações regulares de composição corporal, força e desempenho físico. Isso permite ajustes precoces no plano alimentar e na rotina de exercícios, além de facilitar a detecção de outras comorbidades.
CONCLUSÃO
A sarcopenia em idosos representa um dos maiores desafios para o envelhecimento saudável. Sua progressão silenciosa compromete não apenas a capacidade funcional, mas também a qualidade de vida dos idosos, aumentando o risco de quedas, hospitalizações e dependência. No entanto, essa condição pode ser prevenida e até revertida com intervenções eficazes, como o treinamento resistido, uma alimentação proteica adequada e o acompanhamento clínico especializado.
Investir em estratégias de detecção precoce, educação da população idosa e capacitação de profissionais da saúde é essencial para reduzir o impacto da sarcopenia. Envelhecer não precisa significar perder força ou independência — com os cuidados certos, é possível manter a vitalidade e a autonomia ao longo dos anos.
❓ FAQ sobre Sarcopenia em Idosos
1. O que é sarcopenia?
A sarcopenia é a perda progressiva de massa muscular e força, geralmente associada ao envelhecimento. É reconhecida pela CID-10 como doença (código M62.84).2. Em que idade a sarcopenia costuma aparecer?
O processo se intensifica a partir dos 60 anos, mas pode começar antes dependendo de fatores como sedentarismo e alimentação inadequada.3. Quais são os principais fatores de risco?
- Envelhecimento natural
- Falta de atividade física- Doenças crônicas (diabetes, câncer, insuficiência cardíaca)
- Deficiências hormonais
- Inflamação crônica
- Uso prolongado de corticoides
- Obesidade sarcopênica (gordura + perda muscular)
4. Como a sarcopenia é diagnosticada?
Por meio da avaliação de:- Força muscular (ex.: teste de preensão palmar)
- Massa muscular (ex.: DEXA, bioimpedância)
- Desempenho físico (ex.: velocidade da marcha, SPPB)
5. Quais são as consequências clínicas da sarcopenia?
- Aumento do risco de quedas e fraturas
- Perda de mobilidade e independência
- Hospitalizações prolongadas
- Redução da qualidade de vida
ESTE CONTEÚDO É APENAS INFORMATIVO E NÃO SUBSTITUI ORIENTAÇAO MÉDICA.
Referências:
🔗 Cruz-Jentoft AJ et al., 2019 – Sarcopenia: revised European consensus on definition and diagnosis🔗 Fragala MS et al., 2015 – Muscle quality in aging
🔗 Sousa AS et al., 2016 – Sarcopenia and length of hospital stay
🔗 Liao CD et al., 2017 – Protein supplementation and resistance exercise in older adults
🔗 Saedi E et al., 2021 – Diabetes and sarcopenia
🔗 Silva AM et al., 2023 – Clinical Interventions in Aging
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